domingo, 17 de fevereiro de 2008

Aldeia de Alte




Texto Vânia Machado “Família crstã”

Aldeia de Alte

O mais puro carácter algarvio

À vista geral. Alte é um aglomerado de casas brancas e chaminés rendilhadas que se estendem pela encosta pouco inclinadas da serra. As suas ruas estreitas encantam-nos com as suas casas pitorescas e com o sentimento de que estamos no campo.

Começamos o nosso passeio subindo as escadas que nos guiam até ao largo da igreja matriz, consagrada a Nossa Senhora da Assunção.
Datada do século XIII, apresenta uma decoração rica, quer pela talha e azulejaria barrocas, quer pela sua abóbada quinhentista e portal e pia baptismal manuelinas. O largo da igreja convida à contemplação do ambiente ao seu redor antes de prosseguir com a nossa descoberta.

Não muito longe da igreja ficamos encantados com o pitoresco mercado da aldeia.
A nossa próxima paragem corresponde àquele que é talvez o mais bonito postal ilustrado da aldeia de Alte, a zona da Grande Ribeira e das Fontes Grande e Pequena. A ribeira de Alte atravessa a aldeia, desde a Fonte Grande à Queda do Vigário.

Durante séculos, as águas correntes da ribeira de Alte, abastecidas pelas fontes, alimentavam a aldeia, regavam as hortas em seu redor e eram lugar do encontro das mulheres lavando a roupa ou aguardando a vez para se abastecerem de água.
À medida que nos vamos aproximando da Fonte Grande a sua presença começa a fazer-se sentir pelo som das suas águas que a fazem adivinhar perto.

A área envolvente à Fonte Grande corresponde a um notável património ambiental, cercado por um arvoredo majestoso. É um espaço de lazer que convida a belos passeios e piqueniques familiares, onde existe também um anfiteatro ao ar livre que serve de palco a peças teatrais, recitais de poesia e concertos.
As fontes da aldeia constituem hoje um dos lugares preferidos das gentes da terra e dos turistas. A Fonte Pequena, junto à ribeira, é um espaço aproveitado para homenagear o poeta altense Cândido Guerreiro, e lá podem ler-se alguns dos seus mais conhecidos sonetos.
Em tempos já passados as águas da ribeira faziam também mover os nove moinhos da aldeia, a maior parte deles hoje em ruínas. A queda da água “ Pega do Vigário”, onde termina a ribeira situa-se pouco abaixo da aldeia e surge devido ao caudal da ribeira e pela morfologia dos vales e encostas daquela área. É um local de acesso um pouco difícil, mas que ainda assim merece a sua atenção.

Alte, Aldeia Cultural e a festa do 1º de Maio são momentos altos da vida da aldeia, traduzidos por uma elevada afluência de turistas.
Nestes eventos anuais é dado especial realce às tradições da aldeia. Para além de música, actividades culturais, desporto e gastronomia, é possível conhecer mais de perto o artesanato tradicional da terra, tal como os brinquedos de madeira, a olaria e os trabalhos de esparto.
O espaço que rodeia a aldeia tem ainda para oferecer inúmeros atractivos. Junto à ribeira de Arade persiste o moinho das Águas Frias, que ainda faz farinha. Na direcção de Santa Margarida, a escassos quilómetros de Alte, há um desvio para a Torre, onde o aconselhamos a visitar uma cooperativa de madeira.
a)O poeta Cândido Guerreiro nasceu em Alte em 1871 e morreu em Lisboa no ano de 1953.
Foi o primeiro altense a tirar um curso universitário. Tendo-se formado em Coimbra, nunca esqueceu as suas origens.

1 comentário:

Esta Terra disse...

Gratificante para quem vive nesta aldeia ler tão belo desenho feito a Alte.