domingo, 17 de fevereiro de 2008

Cantar as Janeiras


Recordando o Passado
As Janeiras

Estávamos nos anos 60, lembro-me como se fosse hoje. Era Inverno e no tempo de Janeiras. A noite estava fria e, como era hábito, estávamos sentados à volta da lareira, quando fomos surpreendidos por um coro de vozes agradáveis, cantando as Janeiras.

Logo que terminaram, dirigimo-nos para a porta, cheias de curiosidade e deparámo-nos com o Sr. Victor Hugo juntamente com o Sr. José Pereira e suas digníssimas esposas.
Com que alegria e curiosidade eu e as minhas irmãs, a Regina e a Almerinda acompanhámos este encantador quarteto pelo resto da nossa aldeia, as Sarnadas.

Confesso que os ouvia atentamente, tentando reter na memória cada palavra, cada verso, tão deliciosos eles me soavam. Em cada porta o grupo não se cansava de cantar para os “ donos da casa” estes versos que se seguem se a memória não me atraiçoou.

Eles aqui vão:

Ó donos da casa
Ouvi a cantiga
Alegre e amiga
Que vimos trazer

Oxalá o ano
Que vai começar
Vos traga saúde
E paz para o lar

A fome não pode haver
Neste dia de Ano Novo
Lembrai-vos por caridade
Da muita infelicidade
Dos pobres do nosso Povo

Quando o Sol raiar
Em pleno meio-dia
Ai quanta alegria
Que há no vosso lar

Mas ai, quanta dor
Podeis mitigar
Bastando espalhar
Um pouco de amor

Maria Ivone Silvestre Francisco
Cascais

Nota da redacção
(estas Janeiras foram compostas pelo Dr. Raul Guerreiro, quando ainda estudante em Coimbra, de férias a Alte, aproveitava para ensaiar e cantar)

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