domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ti Rainha


A “maça” da Ti Rainha

A comadre “ Rainha”, figura típica de Alte, lavadeira de profissão, que morreu com quase cem anos, lavando sempre a roupa das suas freguesias, quase até morrer.

Fui herdeiro último da maça
Foi-me oferecida pela neta
Tem valor de fina taça
Agradeci-lhe a oferta

A maça de esparto batia
Ao dealbar das manhãs frias
E já o sol apontava e subia
As fibras se achavam macias

Sabe-se lá os batimentos
E o número das suas batidas
Pelo uso e pelos tempos
Talvez o ritmo de vidas

As fibras brandas do esparto
Eram com jeito torcidas
Delas saía o repasto
Das mãos calosas doridas

E a tia Rainha pendendo
Tremeluzia a candeia
Os olhos se iam cerrando
Pregados pela canseira

Zé do Vale

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